Entrevista a Taylor Moore

“O que me interessa, sobretudo, é explorar a luz, e partilhá-la.”

 


Taylor Moore é um fotógrafo profissional especializado em arquitetura clássica, aérea, e em locais considerados património cultural e histórico. Trabalhou para a Getty Images, Electronic Arts (FIFA e NHL), Turismo do Canada, Squaresoft (colaborando no filme Final Fantasy VII) e para o Discovery Channel. Foi já proprietário e diretor de duas escolas de cinema especializadas no digital, em animação e desenvolvimento de jogos de computador, e reside em Sintra há dois anos, onde se tem vindo a destacar com a sua particular visão do nosso património e locais emblemáticos, tendo falado connosco por estes dias.


 

taylor moore

Taylor, como aconteceu a sua vinda para Portugal, e em particular para Sintra?

Eu tinha iniciado uma viagem fotográfica à volta do mundo, e queria algo mais da minha vida, e então, vendi tudo o que possuía, viajando com pouco mais de cinquenta objectos. Comecei pelo Círculo Polar Ártico, no lado canadiano, filmando dois quilómetros abaixo do solo numa mina de diamantes, e percorri depois a costa oeste americana, descendo até Pucon, no Chile. Do Chile segui para Buenos Aires, na Argentina, tendo depois atravessado o Atlântico, em direção a Berlim. Uma vez em Berlim, decidi revisitar Portugal, onde tinha tirado algumas das minhas fotos favoritas trinta e dois anos antes. Depois de ter feito pesquisas acerca de Portugal, e em particular sobre Sintra, a iniciática Quinta da Regaleira tornou-se uma prioridade que me propus fotografar.

O que mais gosta e lhe desagrada em Sintra?

Há muitas coisas de que gosto, e algumas de que gosto menos. A bondade do povo português tem sido inexcedível, e o carinho que aqui recebo tem sido maravilhoso. A herança cultural e histórica de Portugal é imensa, e eu mergulho nela diariamente, no quadro das minhas explorações criativas. Venho de um país que não tem uma herança histórica, artística, patrimonial e material tão rica. O que me desagrada: não falar melhor português. É uma língua extremamente difícil, e luto por ultrapassar algumas debilidades praticando-a com algum humor.

Em que tem consistido o seu trabalho desde que aqui chegou?

Sou um artista, antes de mais, e uso muitas ferramentas, desde lápis, pincéis, câmaras e computadores. Venho de uma família de artistas, cineastas e arquitectos, pelo que uma permanente busca da arte está no meu ADN. Desde que cá estou, já tive a felicidade de ver uma das minhas obras selecionada para a exposição permanente dedicada aos fotógrafos de Sintra patente no MU.SA. Presentemente, tenho uma exibição de rua com fotos minhas na zona da Estefânea, e abri recentemente uma galeria dedicada à fotografia, a Sintra Magic, num anexo da Quinta do Relógio, fronteira à Quinta da Regaleira. Tenho também um grupo fiel e apaixonado de seguidores nas redes sociais, no Facebook e no Twitter, e que por essa via me transmitem o gosto pelo meu trabalho e descobrem uma paixão por Sintra.

O Taylor explora alguma técnica em especial?

Trabalho em arte há mais de trinta e cinco anos, pelo que tenho alguns truques na manga. Uso sempre um tripé, e tiro sempre várias fotos do mesmo local. Mas, o mais importante é que o faço porque adoro o meu trabalho, é este o meu propósito de vida. É esta profunda paixão pela arte e as diferentes formas de a abordar que me levam a ultrapassar quaisquer dificuldades. Se sinto emoção com uma imagem, sou levado a pensar que outros a sentem também. É essa pulsão poética que todos os artistas procuram transmitir naquilo que fazem.

Que locais ou sítios de Sintra gosta mais de fotografar?

Honestamente, não tenho favoritos, porque gosto deles todos, dos castelos aos palácios, das praias às quintas, todos são espectaculares e únicos.

“Passar a ver Lisboa num dia e nunca menos de uma semana para Sintra”

O que pensa que poderia ser feito para melhorar a visibilidade externa de Sintra?

Sintra tem um conjunto de vantagens únicas e incríveis a nível mundial. É uma vila classificada pela UNESCO, a vinte minutos de grandes praias, e a trinta dum aeroporto internacional. Muitos dos palácios e castelos estão a quinze minutos uns dos outros. A chave, creio, é mudar a filosofia de visitas de apenas um dia, passar a ver Lisboa num dia e nunca menos de uma semana para Sintra.

Quais são os seus planos para o futuro imediato?

Eu e o meu sócio temos planos para 2015 que incluem a criação de novas coleções de imagens com assinatura reconhecida, bem como algumas produções digitais, e a continuação do trabalho de divulgação de Sintra na nossa galeria, a Sintra Magic. O que me interessa, sobretudo, é explorar a luz, e partilhá-la.